quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

o tempo olha para aqui, enche de espaço as pontas dos meus dedos e o rasto daquilo que em tempos aqui deixaram, sempre sonhos, quando se pára e se estende a mão o tempo deixa de existir, sendo apenas os momentos entre este e aquele, no instante em que olhamos para a diferença entre o ontem e o hoje, só nesse momento percebemos que existe tambem aqui. somos nós, e o que interessa é sermos sempre o mais longe dele que conseguirmos ser, perder a sua, a nossa, noção de existir. olhar e ver não mais que a chuva que nos cai em cima, deixando de lado todos os telhados que nos poderiam abrigar, olhar o ceu e lembrar que um dia o sol vai lá estar e nesse dia vamos sentir a liberdade de ser, ser não sei o que, e não sei de que forma, ser. o tempo aqui existe, e serve para me lembrar deste sonho, deste mundo que agora voa, deste sol que agora brilha, e que agora pelas pontas do meus dedos nele se inscrevem.

domingo, 30 de novembro de 2008

pequenos pedaços do rascunho, agora espalhados neste chão onde a vida tenta assentar, perturbam a paz de ser, em pequenos momentos agarram-me, prendem-me, mostram-me a fraqueza da minha força. como se o vento não existisse. depois vem uma vontade, de querer, e nasce outra vez, não sei porque, mas como uma pequena restia de esperança, de sonho, apenas para me fazer ver que nada sou.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

como a agua que cai de uma cascata, cai o que és em cima dos meus pensamentos expelindo tudo para fora e deixando esse espaço cheio de uma corrente confusa de ti

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Tento agora fechar a mão, tento com esse movimento agarrar tudo o que consegui, e as pontas dos meus dedos tocam a palma da minha mão. O que posso?
Não vale a pena pensar o caminho se no momento de por os pés no chão a dor nos imobiliza, podemos até ter a vontade, mas do que nos vale se não temos a força para a tentar. Menos do que nada ser é nada conseguir para o tentar, é mais dificil respirar quando a força é um estado passageiro, que está quando estás. E agora onde estás?
Fecho os olhos para te procurar e estás em todo o lado, mas agora só este corropio de palavras sem sentido consigo ver, não consigo tocar o sonho, para que que servem eles se não lhes conseguimos tocar, o que valem quando existem nesse longínquo sitio que existe na hora de dormir. Para onde posso correr?
Quero tanto tentar ser, e doi tanto não perceber o que isso pode ser, terei de partir para conhecer o limite? Não consigo forçar mais e no entanto estou aqui imune a tudo porque nada tenho.

não molhamos a mão enquanto não tivermos a força para esticar o braço e a colocarmos do lado de fora, onde a chuva cái.
só queria gritar que estou a tentar viver, mas mesmo agora a voz falha-me.

domingo, 9 de novembro de 2008

Entre as mãos tenho este novelo, não como dantes, no princípio, esquecido agora, um pequeno nó prendia a ponta ao ponto de partida, desenrolar mais um pouco era um passo em frente, em direcção ao futuro, sempre claro, sempre vazio. Depois, depois, será que existiu um antes, ou será o depois o esquecimento rotineiro do ontem, sei que a certa altura corria sem olhar para trás e passava pelo tudo que nada era como se partisse para sempre, para um sitio distante, uma terra sem sombras e onde as unicas pegadas, as minhas, não mais que segundos perduravam no solo. Ao chegar tiro do bolso este novelo, que agora tenho entre as mãos, a minha vida enleada numa imensidão de nós, escondida é pressa por entres a fuga á vida que nunca consegui viver.
Aqui, agora, tudo é novo, a minha sombra voltou, e desenha no chão uma mancha disforme, um ser esquisito, entre as mãos aquilo que parece ser um desperdicio de fios de lã. Agora ao caminhar vejo as minhas pegadas no chão e com elas muitas outras, tenho medo, e as lagrimas inundam os meus olhos, como vi aqui parar. Sem perceber porque procuro por uma das pontas, lá bem no centro, deste novelo que agora seguro entre as mãos, encontro uma delas e faço um nó para a segurar ali na nova etapa, na nova oportunidade. Começo a andar e pouco tempo depois tenho nas mãos o primeiro nó, o primeiro vestigio do que foi e deixou nele a sua marca, o facto desapareceu mas a ferida continua aqui à espera de ser desatada, de repente percebo que não é possivel, que tudo o que está aqui neste fio de lã, que agora volto a desenrolar, estás para sempre, como a marca que um objecto afiado deixa na pele.
Não percebo o porque, sou uma imagem ridicula de algo que poderia ser, um sonho esquecido, largado a meio e agora sem possibilidade de continuação, sou o corpo perdido de uma alma em fuga, um circo sem cor.
Deixa-me rir.
Sou eu e procuro em tudo o que não posso, porque posso tão pouco que se torna mais facil sofrer por não conseguir, procurar é uma tarefa impossivel e de repente dou por mim a pensar como será possivel estar ainda aqui, onde me levas vento?
Queria tanto poder voltar, voltar a ter, voltar a ser, voltar a querer, não quero voltar atrás, não, não é isso, o caminho é o mesmo, quero apenas de volta a minha inocência aquela que não vive mais entre nós.
E agora.
Espero por ti, os olhos não fecham e no chão está aquele novelo sem rosto, apetece-me deita-lo fora, para que serve, sou apenas a magoa que o carrega. Hoje não voltaste, as minhas lagrimas criam um pântano e sei que é facil de cair nele, de ser sugado por ele, desculpa.
Sou o mesmo que no principio, a diferença é que não tenho uma vida para continuar, tenho apenas isto, e queria tanto poder voltar a construir algo...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Nada é o mesmo a partir do momento em que lhe tocamos, porque os nossos olhos não têm o poder de mudar o que vemos.

podesse ser verdade e todos veriamos a realidade, assim vemos o que queremos ver, porque os nossos olhos mexem em tudo o que podem, distrocem, moldam, criam, destroem, por eles somos tudo naquilo que vemos.

Nos meus olhos és a luz que chegou para me dizer que é possivel, a meus olhos és a vida para alem deste espetaculo de a ser, para lá desta confusão que nos rodeia, desta corrida contra o tempo que vai chegar. Aos meus olhos és um anjo que dança no mais puro ceu, que toca uma estrela, que carrega consigo toda a vida e a espalha pelo ceu, deixando um rasto de felicidade.

podesse ser verdade e todos seriamos uma pedra de gelo, podesse ser verdade e todos seriamos a sombra, abre os olhos e deixa que o que és se transforme.

domingo, 26 de outubro de 2008

deixa-me acreditar agora, que o sol vai voltar, que o mundo não me vai deixar cair neste chão, agora frio, despido de ti e das tuas pegadas, faz com que o peso do teu corpo crave em mim a sua marca.

Não consigo deixar de olhar para cada partida, para cada movimento lateral da minha mão no ar, aquele gesto que nos possui na hora de deixar. Cai algo no chão e com tudo o que sou, reunindo todas as minhas forças curvo-me para o apanhar e voltar a guardar, até ao dia em que o sol volte a brilhar.

terça-feira, 21 de outubro de 2008



I had a dream
that we could see
something farther than we now see
as a child
I will keep
just as long as we believe
in love

tudo faz parte da eterna historia, não mais que um momento guardado, repetido vezes sem conta, perdendo o sentido a cada realização, sonho gasto, mal tratado, não é ele, és parte dele, são as tuas mãos sem um sitio para te segurar. pára agora, deixa passar tudo o que te levou, faz-te á estrada e volta ao sitio de onde partiste, historia contínua do teu eterno vazio.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008





I'd like to be able
To make a decision.
I'd like to be stronger,
But it's getting harder.
I'm just a coward
Loosing his mind.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

aqui estou, semente de mim, será eterna?

como uma planta, ciclo natural, cair e levantar, como a eterna semente de mim. no fundo aquilo que és acaba sempre por voltar a crescer. onde? depende da força do vento, ou para ti, semente de mim, depende da força dos sonhos. cair ao chão é apenas abandonar algo que morreu, crescer é apenas depositar isto que és num chão de sonhos e deixares-te florir. és sempre, mesmo que o deixes de ser para ser algo maior, és sempre mesmo quando seguras o mundo nas mãos, és sempre mesmo quando deixas cair as primeiras gotas, és sempre mesmo quando te falta as forças e te estilhaças no chão. és e serás eternamente

até que os sonhos te abandonem

terça-feira, 14 de outubro de 2008

aqui não mais que um muro.

as costa nele fixas, a cabeça baixa, não sei para onde foi a força, aquela que necessito para saltar daqui. no outro lado o mar. aqui neste lado um som, que faz lembrar o medo, consome tudo o resto, restasse ainda alguma coisa. grito mudo. grito que sou capaz.

será que os peixes ouviram?

domingo, 12 de outubro de 2008

aqui chega. ponto de partida de sempre, para sempre.

é sempre assim, um sonho vivido, trazido aos pés de quem não sabe agarrar-se aos fios da vida, não se sabe atirar sem medo de ficar preso no seu emaranhado. conseguirás caminhar por entre os pingos de chuva que caem deste ceu carregado de hipoteses, terás a força para abrir os olhos e ver que nada é nada, para alem do sonho que sonhas. agora acorda, olha pela janela e ve como está limpo o teu dia, sem uma unica folha caida no chão que pisas. encontras então a razão, os teus olhos não vêm, as imagens são tranportadas até ti pela tua propria necessidade de as ver, a chuva cai mas não molha, o sol brilha, mas não consegues sentir o seu calor.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

num instante tudo deixa de estar no sitio onde estava. momentos antes tudo estava ali, imovel, na estante da inutilidade, tudo é inutil se não lhe dermos utilidade, ou tudo o que pode ser utilizado se torna inutil, já não sei. de repente, nesse instante, alguem corre pelo enorme vazio até á estante e espalha todo o seu conteudo pelo chão. o silencio desaparece e os gritos invadem toda a sala, é esse o preço da acção, sentes o calor desses gritos? já esqueceste o frio do silencio? não deixes de o escutar não arrumes os sentimentos agora espalhados pelo chão do teu ser, deixa que essa força que não compreendes te invada e que pelo menos te faça sentir vivo, consegues sentir a vida?

escuta o seu grito

domingo, 5 de outubro de 2008

a força confunde-me agora, quando mais preciso dela, um rasto negro sobre a linha das pegadas que deixo, como se tudo fosse um gesto maligno, acho-me aqui, perdido, num mar de lagrimas sem saber se sou sequer capaz de por mais uma vez expelir o ar de dentro de mim. querer dá-nos, e ao mesmo tempo tira-nos tudo, por mais que tente acreditar que no dia serei capaz, fujo do dia porque tenho as mãos cheias de nada, sou um barco perdido em alto mar, que navega em direcção a um ponto imaginario, julgando ser o que por fim se possa chamar terra. e se não mais que isso for? não mais que um produto da minha imaginação.


so help me disappear
or to believe in a change
no way out of here
that i can see
or the nightmares that burn
into my head at night
make them disappear
so i can breathe

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

um dia pensamos que somos um ponto, algures, no meio de milhares de pontos, pensamos que somos parte de uma linha, linha essa que nos une ao mundo. depois há dias em que essa linha se desfaz, em que deixamos de nos sentir unidos a ela e a vida pára um pouco, e tentamos voltar, voltar áquela linha.
dá-me a tua mão, não me deixes cair, gostava tanto que um dia podesses perceber, neste momento não sou um ponto, e não consigo fazer parte de linha alguma, dá-me a tua mão, só assim poderei algum dia o ser.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

-O sentido encontrá-lo-ás aqui. - e abres assim a tua mão, nela seguravas algo que agora, levado pela brisa da tua respiração, voa para longe, como um mundo de sonho que desvanece ao amanhecer, e para onde foi? já paraste um pouco para pensar no rasto que ele deixou?

quinta-feira, 4 de setembro de 2008


tudo é o sinal da sua passagem, mesmo nós o somos, a memória prende-nos aos instantes que fomos, como sinais presentes de um passado que não esquecemos. caminhamos sobre objectos que são o significado do que passou, e com cuidado tentamos não os pisar, como quem evita espezinhar o passado, deixando que o sitio onde ele o encaminhou seja para si tudo o que deseja, neste momento de esquecimento. perder é desviar o olhar, esquecer é deixar partir a imagem daquilo que foi, gostava para sempre de lembrar aquilo que foi, aquilo que tem sido, como uma flor que cai no chão


quinta-feira, 21 de agosto de 2008

talvez seja a verdade nos meus olhos, onde estás? quanto mais terei de perder, de desistir, quanto mais precisarei negar para te ver. talvez não exista, ou exista em pequenos fragmentos em algo diferente, tão diferente que não me passa pela cabeça lá existir. não quero chegar, quero apenas olhar e perceber que não sou, apenas o tentei, talvez do outro lado, talvez de um outro modo, talvez...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

deixa que a luz, raio de sol que bate agora no parapeito da tua janela, te encha até que o lugar mais escuro em ti, lugar de segredos e medos povoado por uma razão distorcida que adoece, queima e perturba, se evapore numa tempestade de cinzas. mas não apaques o fogo, deixa que ele arda, como se dessa chama dependesse a possibilidade de um dia vires a ser...